sábado, agosto 26, 2006

POESIARTE EM FOCO DE RODRIGO POETA


A poesiarte apresenta: Rodrigo Octavio Pereira de Andrade (Rodrigo Poeta). Poeta, pesquisador, professor e cabo-friense.

Vejamos uma poesia de sua autoria, que fez parte do Projeto CULTURARTESPERANÇA realizado em 2005, no Colégio Municipal Elza Maria de Cabo Frio-RJ:


"Manifesto Poesiarte"

A poesiarte nasceu

Da imagem,

Floresceu na linguagem oral
Dos tempos,
Até a escrita magistral,
Que é imortal.


A poesiarte é arte

Dos versos, das estrofes,

Da livre e presa poesia pela rima

Ou não.


A poesiarte é o descrever,

O narrar, o cientificar,

O informar, o dissertar
Sobre a vida humana

No seu habitat.


A poesiarte é matéria,

É cosmos, é utopia,
É ilusão, sonho e nostalgia...

A poesiarte é parte

De um todo que se parte

Em mil átomos de impulsos

Do abstrato.


A poesiarte é mística,
É hístória, é essência,
É filosofia anti-Platão.


A poesiarte é do povo,

É um manifesto rico de linguagens...

A poesiarte é simultânea,
Complexa, meio jamais, mas fim

De um tudo ao servir do escravo,

Que é o poeta e vice-versa ou não.


(Rodrigo Octavio Pereira de Andrade - poeta cabo-friense)

*O quadro acima é de Jorge Cerqueira de sua exposição intityulada "Instantes".


terça-feira, agosto 22, 2006

POESIARTE EM FOCO DE CHACAL


A poesiarte apresenta: Chacal o poeta marginal. Poeta carioca nascido em 24 de maio de 1951.

Vejamos uma poesia de sua autoria:


"Fogo-Fátuo"
ela é uma mina versátil
o seu mal é ser muito volúvel
apesar do seu jeito volátil
nosso caso anda meio insolúvel

se ela veste seu manto diáfano
sai de noite e só volta de dia
eu escuto os cantores de ébano
e espero ela chegar da orgia

ela pensa que eu sou fogo-fátuo
que me esquenta em banho-maria
se estouro sou pior que o átomo
ainda afogo essa nega na pia.

(Poeta Chacal)

Publicado no livro Nariz aniz (1979).

In: CHACAL. Drops de abril. São Paulo: Brasiliense, 1983. p.71.
(Cantadas literárias, 16)

terça-feira, agosto 15, 2006

POESIARTE EM FOCO DE KATIA DRUMMOND


A poesiarte apresenta: Katia Drummond. Poeta brasileira, que vive na cidade de Sintra em Portugal.

Vejamos uma poesia de sua autoria:

"EXÉRCITO DE ANJOS"

Pequenos, barrigudinhos
Olhares tristes, mansinhos

Sorrisos amarelados

Perambulam nas esquinas

Frágeis como passarinhos

Os meninos e as meninas

Filhos das filhas das ruas

Donos dos bancos das praças

Pés-de-vento, pés descalços
Desamados, destemidos.

Perseguem-lhes os cães de raça.


Vira-latas das esquinas

Frágeis aves de rapina

Armados de pedra e pau
Os meninos e as meninas

Pastores das alvoradas

Atravessam madrugadas

Sempre em estado de graça

Adormecem ao relento

Parecem donos do tempo.

Perseguem-lhes os cães de caça.


Borboletas sob o sol

Vaga-lumes sob a lua

Sem presente e sem porvir

Quebram cercas, pulam muros

Sem saber pra onde ir

Os meninos e as meninas

Entre ódios e branduras

Guerrilheiros de almas puras

Maltrapilhos, quase nus

Têm um coração que clama

Uma alma que reclama

São todos anjos da terra.
Essas crianças de luz.!


(Poeta Katia Drummond)

terça-feira, agosto 08, 2006

POESIARTE EM FOCO DE ANIBAL BEÇA


A poesiarte apresenta: Anibal Beça. Poeta de Manaus-AM.

Vejamos uma poesia de sua autoria:

"CANTO TRANSITÓRIO"

Pela escada da vida
Subimos muitos degraus
Desafios partilhados
Com àqueles do coração.

Ritos de passagem ditos
Que ficam na duração
Subida que só começa
Quando se aprende a lição.

E lição que só se alcança
No vário recomeçar
Todo dia mais se aprende
Que a vida sim vale a pena
E na humildade serena

Expulsemos da subida
O sentimento soberbo
Do saber realizado
Para podermos cantar.

(Poeta Anibal Beça)



quinta-feira, agosto 03, 2006

POESIARTE EM FOCO DE BEZERRA DA SILVA


A poesiarte apresenta: Bezerra da Silva. O repórter da favela. A POESIARTE faz essa homenagem ao poeta do Morro ou melhor do MUNDO.Carioca da gema e do samba de raiz, que morreu aos 77 anos em 17 de janeiro de 2005.

Vejamos uma de suas poesias:


“Vítimas da Sociedade”

Se vocês estão a fim de prender o ladrão
Podem voltar pelo mesmo caminho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho

Só porque moro no morro
A minha miséria a vocês despertou
A verdade é que vivo com fome
Nunca roubei ninguém, sou um trabalhador
Se há um assalto à banco
Como não podem prender o poderoso chefão
Aí os jornais vêm logo dizendo que aqui no morro só mora ladrão

Se vocês estão a fim de prender o ladrão
Podem voltar pelo mesmo caminho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho

Falar a verdade é crime
Porém eu assumo o que vou dizer
Como posso ser ladrão
Se eu não tenho nem o que comer
Não tenho curso superior
Nem o meu nome eu sei assinar
Onde foi se viu um pobre favelado
Com passaporte pra poder roubar

Se vocês estão a fim de prender o ladrão
Podem voltar pelo mesmo caminho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho

No morro ninguém tem mansão
Nem casa de campo pra veranear
Nem iate pra passeios marítimos
E nem avião particular
Somos vítimas de uma sociedade
Famigerada e cheia de malícias
No morro ninguém tem milhões de dólares
Depositados nos bancos da Suíça

Se vocês estão a fim de prender o ladrão
Podem voltar pelo mesmo caminho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho

(Bezerra da Silva - O repórter da favela)