sábado, outubro 21, 2006

POESIARTE EM FOCO DE JIDDU SALDANHA


A poesiarte apresenta: Jiddu Saldanha. Poeta nascido em Curitiba-PR e residente de Cabo Frio-RJ.

Vejamos alguns haicais de sua autoria:


HAICAIS

na hora de partir
lembranças de tudo
a vida se reescreve

***
perdido no meio do mundo
o sol procura o mistério
para torná-lo mais quente

***
passou por aqui
uma formiga afoita
cigarras no jardim

***
vento soprando frio
a pontinha dos dedos
foge das meias de lã

***
a cada manhã
um colibri pousa em mim
é o néctar do teu corpo

***
louco pra te amar
a noite parece não vir
o cantador adormece

***
meu coração assim aceso
com flechadas sangrentas
verte poesia ensolarada

***
leva-me para longe
com tua língua molhada
faça-me emboscadas

***
a caminho de casa
uma valsa toca e meu coração
só pensa em descanso

***
por mais que o instante
seja breve
a caneta escreve


(Poeta Jiddu Saldanha - 2006)

quinta-feira, outubro 12, 2006

POESIARTE EM FOCO DE SERGINA MELLO


A poesiarte apresenta: Sergina Mello. Poeta e responsável pelo jornal cabo-friense "Milenium".

Vejamos uma poesia de sua autoria:

A Graça da Palavra Simples

Deus,
Dai-me o dom de escrever poemas
E a graça da palavra bela.
Dai-me a virtude de fazer poesia,
Para que eu possa, 
Com meus verbos simples,
Relatar a vida, o amor e a morte.
E possa, em frases bem cuidadas,
Descrever os sons e as cores
O céu e o deserto.
Deus,
Fazei de mim poeta
Trovadora errante, musa e santuário,
Harpa e firmamento.
E, eu, poeta, possa Deus onipotente,
Em cânticos suaves e
Palavras bem serenas,
Contar a ele o quanto
O amor é belo
E meu amor é grande.

(Sergina Mello - Cabo Frio, 1976)

*Foto de Sebastião Salgado - Primeira comunhão em Juazeiro do Norte - Brasil ,1981.

sábado, outubro 07, 2006

POESIARTE EM FOCO DE FLÁVIO OTÁVIO


A poesiarte apresenta: Flávio Otávio. Poeta de Bela Vista-MG. Autor do livro de poesias "Cata-Ventos".

Vejamos uma poesia de sua autoria:


"Contradições"

Traze-me as respostas,
Todas à ponta da língua,
Como uma íngua
A ferir-me a virilha...
As tuas mãos são pesadas,
E meu ombro calejado
Não suporta o abraço
Em que me envolves...
Teu olhar inveja-me...
Teu cheiro causa-me ânsia...
E, você insiste em dizer-me
As definições da vida.
Já viveste o bastante
Para se tornar meu guia?
O espírito levita só;
O corpo esfacela ante o pórtico,
Você se aniquila,
Evapora na fumaça de enxofre
E cálidas formas.
Eu sigo meu caminho de penas...
Prisioneiro de minhas próprias
Limitações...
Consumido em minhas dores
E angustiosas indagações...
Meu caminho se torna longo
E a chegada cada dia mais distante...
Nenhum anjo me carrega,
Tenho que caminhar
Com minhas próprias pernas...
Tenho que escrever
Minha própria história...
Mas como?
Se minhas pernas já não andam,
E meu corpo não responde
Aos meus comandos?
Marionetizei-me
Segundo os teus desejos,
Tirei minhas conclusões
Das conclusões alheias;
E, hoje estou mais imperfeito ainda!
Sorrio o mesmo sorriso forçado,
Minhas frases são todas ensaiadas
Em músicas que já não tocam em rádios...
O mundo me acha o máximo
Mas sou a mínima das verdades...
Sou alto e forte
Embora pequeno e fraco...
Sou tudo
Ante o absurdo do nada...
E, assim, me tornei um sujo
De corpo e alma alva!

(Flávio Otávio) Bela Vista-MG

quarta-feira, outubro 04, 2006

POESIARTE EM FOCO DE TORRES DO CABO



A poesiarte apresenta: Torres do Cabo. Poeta, artista plástico e claro cabo-friense.

Vejamos uma poesia de sua autoria:

"O Bom Lusitano"

Eu nasci no São Bento.
Na terra dos fortes ventos
Do peixe e do camarão
Do namorico na praça
Do camboim com cachaça
Nas noites de procissão.

Do refresco vendido no pote
Do carapicu na capote
Ou camarão com chuchu
Carne seca, feijão e toucinho
Kasquinó com pimenta e vinho
E água fresca do Itajuru.

As famosas caldeiradas
Tainhas de ovas salgadas
E o pega-pato no Canal...
Futebol com bola de meia
Sopa de siri candeia
E as velhas barcas de sal.

Bordejando ao jeitinho delas
Com suas enormes velas
Transportando nosso sal
Nosso famoso tempero
Foi-nos trazido do Aveiro
Das terras de Portugal.

(Torres do Cabo)