domingo, novembro 27, 2005

MEMÓRIARTE


A poesiarte apresenta: Gabriel Joaquim dos Santos (1892-1985).
Conhecido como Seu Gabriel da Casa de Cacos. O construtor da Casa da Flôr em São Pedro da Aldeia-RJ.


Vejamos a forma poética do seu discurso:


·Eu tenho um pensamento vivo.
· Sonho pra fazer e faço.
· A casa depende do espírito, é uma casa espiritual.
· Aquelas flores é feita com caco, de telhas, é um coisa mais forte, caco de pedaço de pedra, porque quero fazer que fique aí, não se desmanche. A chuva bate, lava, é sempre, é uma sempre-viva aquilo.
· Às vezes saio para ver essas coisinhas que eu mesmo faço e eu mesmo fico satisfeito, me conforta.
· Esta casa não é uma casa, isto é uma história, é uma história porque foi feita por pensamento e sonho.
· Deus me deu essa inteligência. Vêm aquelas coisas na memória e eu vou fazer tudo perfeitinho como eu sonhei.
· Trabalhei sozinho, todo esse movimento que está aqui não tem ajuda, eu que fiz tudo com as minhas mãos.
· Eu quero os cacos porque dos cacos eu vou fazer as coisas para as pessoas se admirar, pra quê quero comprar uma jarra nova? Jarra comprada eu não preciso. Isso não tem graça.
· E assim levo a minha vida assim nos sonhos, sonho toda noite. Eu durmo tarde da noite, mas quando vou dormir assim mesmo vêm os sonhos. Vêm aqueles sonhos, aquela visão, aquele pensamento...
· É Deus que resolve a dúvida. Sem Deus não dá, não tem nação, não tem país, não tem cidade, não tem nada. Precisa Deus.
· O Brasil é uma nação muito grande, precisa paz, precisa civilização, precisa educação. Precisa muito cuidado com o Brasil.
· Eu indo em Cabo Frio, entro na casa daquelas grã-finas, eu trago tudo na mente que eu vi naquela casa, aí é que está, não tiro retrato não, se eu tiver o material, chego em casa e vou fazer perfeito.
· Ainda está claro do dia, eu já estou procurando a cama, mas não pra dormir, prá pensar. Me deito na cama, pego a imaginar até meia-noite, pensando. O meu sentimento vai muito longe.
· Vem uma pessoa com um azulejo, eu boto. Vem uma pessoa com um caramujo, eu boto. Vem uma pessoa com um prato quebrado, quebra uma jarra, eu faço aquela ramagenzinha, uma rosa, boto prá enfeitar.

(Seu Gabriel)

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