sábado, março 22, 2008

ARTIGO DE CARLOS ALBERTO


A poesiarte apresenta: Carlos Alberto Lopes de Sousa. Escritor cabo-friense, membro da Academia Cabo-friense de Letras, da Academia Cabista de Letras Artes e Ciências e presidente da Academia de Artes de Cabo Frio.

Vejamos um texto de sua autoria:


A VIDA DA PALAVRA
 
Interessante conjecturar sobre a vida da palavra, quando na escrita, há de se desenvolver esta temática através da própria palavra como meio comunicativo e persuasivo desta tese.
A vida da palavra se apresenta como o artista plástico que emoldura sua arte através de seus sinais na tela e dá-lhe a vida traçando seus riscos, aguardando que ela venha sussurrar toda sua emoção para aquele que a vê.
A palavra, porém, está acima de um sinal gráfico, a sua vida está contida nos variáveis empregos de sua etimologia. Ela pode ter vida própria quando empregada só e, lexicamente correta quando nos sobressalta sobremaneira como socorro, guerra e morte. Nos alivia ao ler paz, saúde e prosperidade; quando nos modifica e eleva a nossa alma como Deus, saudade e amor.
A palavra vive em colisão etimológica quando é mascarada através de expressões metafóricas, o que lhe desnuda de sua significação e de sua construção sintáxica na oração.
A vida da palavra está diretamente atribuída à sua construção, ao seu direcionamento ou, alvo de público ou leitor, na sua abrangência de mensagem que se propõe no tempo e no espaço. A palavra nos leva a vivenciá-la diretamente proporcional ao nosso estado de espírito, assim a evidenciamos quando contida no universo de nossa emoção, e incontinenti a expurgamos, quando não nos desperta sentimento.
A palavra tem sua vez, seu glamour, quando escrita irradiando desejo coletivo ao ser grafada na imprensa ou nos murais, ou excitando de per si aquele que a decifra ao ler o resultado de um exame médico, uma sentença ou um telegrama. Muitos vêem na palavra o direcionamento para suas decisões, suas tendências e de seus arroubos de escritor ou de orador, que ora inflama, ora apazigua.
Em literatura menos conceituada, vê-se a palavra de baixo nível, obscena, despertar controvérsias, mesmo assim, a sua vida está no enfoque que ela se propõe e nos seus estímulos.
Em literatura infantil o estilo onomatopaico dá vida sonora a cada sílaba num fonema harmônico de entendimento didático que perpetua em nossa mente, desde a tenra idade.
Na literatura sagrada a palavra é a vida; a vida, é a palavra nos tons proféticos, nos mandamentos e nas parábolas, tão convincentes como que as escritas nos pergaminhos santos.
A palavra é instrumento de transcodificação dos dizeres “emanados” dos espíritos na mão submissa do médium psicografando ditames de vidas de outrora.
Celebramos a palavra nas inscrições e dizeres dos sepulcros, na palavra de ordem das faixas políticas ou de protestos e nas pichações dos grafiteiros.
Garimpamos a palavra segundo sua beleza para uso na dialética dos tribunais e nos foros das argumentações, para enobrecer a rima dos poetas, e no elo laborioso de uma redação como esta que explica a vida da palavra com a palavra viva, empregada para surtir os efeitos vitais nas lucubrações.
A palavra pode ser engalanada para constar nos diplomas, animadas para roteiros visuais, diminutas ou gigantesca para driblar os incautos com seus fins sutis. A palavra é escrita e direcionada a alguém, portanto vivencia e aguça todos os alfabetizados tanto por leitura ótica como pela sensibilidade do Braille.
A palavra é viva. Viva, a palavra nos modifica, clareia nossas emoções, atende aos nossos anseios, apaga a nossa voz, ressuscita a nossa memória, interage com nossos sentidos, e, ao fazer simbiose com nossa vida, é eterna enquanto ortográfica no jazigo, e efêmera enquanto fonética no adeus.
(Escritor Carlos Alberto Lopes de Sousa)

domingo, março 09, 2008

POESIARTE EM FOCO DE WILLIAM BRENUVIDA



A poesiarte apresenta: William Wollinger Brenuvida. Poeta, advogado e escritor paulista nascido em São Bernardo do Campo, radicado em Santa Catarina.

Vejamos um poema de sua autoria:

Sentimento

O sentimento é
atemporal.
O corpo não.
O sentimento é
subjetivo,
maldito,
a qualquer interpretação.
O corpo é,
senão matéria
dispersa.
Conjunto de
átomos
perdidos
no universo.

A alma é
para alguns,
cognição,
para outros,
confirmação,
de fraqueza.

Mas sua leveza desperta,
os olhos num
distante lembrar,
o de transpassar
o tempo,
as paredes,
a linha telefônica.
O hábito,
que nos impomos.


(Poeta William Wollinger Brenuvida)

Link do autor:

http://acangatu.blogspot.com/