quinta-feira, agosto 16, 2018

A INTOLERÂNCIA TEM MEDO DA POESIA! POR RODRIGO POETA



A INTOLERÂNCIA TEM MEDO DA POESIA!




             No dia 8 de agosto a intolerância a liberdade poética levou a poetisa árabe-israelita Dareen Tatour a cumprir cinco meses de reclusão. Tudo por causa de seus versos contra uma guerra sem fim, uma guerra que resiste pelo ódio e pela perseguição ao povo palestino. Onde granadas e balas das forças de Israel enfrentam pedras e versos palestinos numa corrente da poesia Palestina de Combate a ilustrar os confrontos da dor.
        “Resiste, meu povo, resiste” este é o verso de Darren, que luta contra a perseguição da sua cultura e história de seu povo. Em forma de poesia escreveu sua indignação contra sua prisão. Segue um trecho do poema traduzido por mim na versão em inglês traduzida pelo poeta Tariq al Hayadar:


“Eu escrevi sobre a injustiça atual,
Desejos em tinta,
Um poema que eu escrevi ...
A acusação usou meu corpo,
Dos dedos dos pés até o topo da minha cabeça,
Porque eu sou poeta na prisão
Uma poetisa na terra da arte.
Sou acusada de palavras,
Minha caneta o instrumento.
Tinta - sangue do coração – testemunha...”


         A intolerância tem medo da poesia, pois ela manipula as pessoas ao mal, pois a paz aos homens do poder não existe, por causa da ganância ilustrada pelas armas, por uma guerra sem fim patrocinada pelo ego, onde a democracia é camuflada até aos versos de quem escrever o horror sem lógica, vividos por ambas partes, com as bênçãos do Capitalismo.
     Quem lucra com esta guerra sem fim? Quem ganha por essa cultura do ódio? 
     Infelizmente não são os inocentes, as pessoas que comungam a paz em ambas as partes no território tão aclamado como santuário de Deus.
       Apesar de tudo, a poesia resiste em pleno século XXI num combate feito de versos a enfrentar a corruptela humana. 


Rodrigo Octavio Pereira de Andrade (Rodrigo Poeta)
Escritor brasileiro


Segue abaixo a tradução do poema de Dareen Tatour em português que a levou a prisão:







Resista meu povo! Resista!


(traduzido e revisado para o português por Rodrigo Poeta na versão em inglês traduzida pelo poeta Tariq al Haydar)



Na minha Jerusalém, vesti minhas feridas
E respirei minhas tristezas para Deus,
Que carregou a alma na minha palma da mão
Para uma Palestina Árabe.


Eu não vou sucumbir à "solução pacífica"
Desde que o veneno se espalhou,
Matando flores da minha casa.


Nunca abaixei minhas bandeiras,
Até que eu os expulses da minha terra.
Eu gostaria que eles se ajoelhassem por um tempo.
Resista meu povo! Resista!


Resista ao roubo do colono.
Destruir a constituição é vergonha,
Que impõe a degradação e humilhação
E nos impede de restaurar a justiça.


Resista meu povo! Resista!
Siga a caravana dos mártires!
Eles queimaram crianças sem culpa,
Quanto a Hadil, eles a denunciaram em público.
Matou-a em plena luz do dia.
Quanto a Maomé, eles arrancaram os olhos,
Crucificaram ele, na dor de desenhada
Em um corpo.


Eles derramaram ódio em Ali!
Começaram os incêndios,
Esperanças queimadas no berço.
Resista ao ataque do colonialista.
Não ligue para seus agentes entre nós,
Que nos acorrentam com a ilusão pacífica.


Não tenha medo do Merkava!
A verdade em seu coração é mais forte,
Enquanto você resistir em uma terra!


Isso tem vivido incansavelmente através de invasões.
Então Ali chamou de seu túmulo:
Resista, meu povo rebelde.
Escreve-me como prosa no agarwood;
Meus restos têm você como resposta.


Resista meu povo! Resista!


    No dia 12 de agosto realizei com os meus alunos do sétimo ano do fundamental uma oficina de poesia em homenagem a poetisa Dareen Tatour com o tema: “Resista meu povo! Resista!” dentro da realidade brasileira e mundial e que será tema em 2019 no XIII CONCURSO POESIARTE em homenagem a poetisa Dareen Tatour com apoio do Portal Árabe.


Segue abaixo alguns poemas e trechos escritos:


Resistam! Precisamos resistir!
Não importa a tristeza,
O importante é sorrir!

(Isabela Schneider)


Você precisa resistir agora,
Mesmo que esteja difícil.
Sei que é forte o suficiente
E que vai conseguir superar.


Tudo que está complicado
Vai ter um fim
No qual você não imagina.
Tudo irá se ajeitar conforme o tempo.
Apenas resista,
Seja forte.
Resista,
Você é capaz disso.

(Maria Eduarda Bezerra)


Meu povo! Vamos resistir!
Sei que há muitas injustiças,
Mas temos que resistir.

(Ana Karoliny)


Ó meu amado povo
Não desista, resiste!
Resiste meu povo,
Aguente a dor da guerra!
Resiste, meu povo, resiste!


(Caíque Ferreira)



*Publicado também no Portal Árabe através do grande amigo e irmão de poesia Anthony Rasib. Segue o link abaixo:

sábado, agosto 11, 2018

NAZARETH DA CRUZ GOMES: A PRIMEIRA POETISA DA REGIÃO DOS LAGOS

NAZARETH DA CRUZ GOMES
(1877-1950)


      O Simbolismo surgiu na França no final do século XIX em oposição ao realismo e ao naturalismo. Resgatou a subjetividade romântica através da sensação e da musicalidade. O francês Charles Baudelaire com o livro Flores do Mal, deu origem ao Simbolismo. 
No Brasil o movimento simbolista se tornou notório com os poetas Cruz e Sousa (1861-1898) de Florianópolis/SC e com Alphonsus de Guimaraens (1870-1921) de Ouro Preto/MG. Outros poetas também seguiram as tendências do movimento. 
         Nazareth da Cruz Gomes renasce na Literatura a figurar ao lado de outras poetisas simbolistas do século XIX como: Auta de Souza (1876-1901) de Macaíba/RN, Narcisa Amália (1852-1924) de São João da Barra/RJ, Francisca Júlia (1871-1920) de Eldorado Paulista/SP e Gilka Machado (1893-1980) do Rio de Janeiro/RJ.
       Em 2013 aproximadamente cinco anos atrás minha tia avó Nazareth Carvalho me enviou o poema O Coração da minha trisavó Nazareth da Cruz Gomes compilado pelas mãos de minha bisavó Noêmia, um poema escrito no século XIX. No ano de 2015, chega a mim uma cópia do original do seu poema O Coração escrito no século XIX, graças às pesquisas genealógicas feitas pelo meu primo Carlos Delano Carvalho. No ano de 2016 recitei o poema e comecei a fazer análises poéticas nele e descobri os traços simbolistas em seus versos. Já em 2017 apresentei o nome de Nazareth da Cruz Gomes como a única poetisa da Região dos Lagos em eventos das cidades de Cabo Frio/RJ, Iguaba Grande/RJ e Itaperuna/RJ. No mesmo ano chega a mim uma cópia do livro de Virgílio Aurélio Gomes, pai de Nazareth da Cruz Gomes. No livro além de textos em prosa e verso de Virgílio, encontrei outro poema de Nazareth. 
         Nazareth da Cruz Gomes foi homenageada no XII CONCURSO POESIARTE de POESIA de 2018 em âmbito internacional com o tema: O Coração, concurso de autoria de Rodrigo Poeta. Um marco a redescoberta tanto da poetisa Nazareth da Cruz Gomes como do seu pai o escritor Virgílio Aurélio Gomes. Nazareth da Cruz Gomes até o momento dentro das pesquisas feitas é a única poetisa da Região dos Lagos no século XIX do Estado do Rio de Janeiro a escrever poesia no estilo simbolista.
       Nazareth da Cruz Gomes nasceu em 30 de maio de 1877 na cidade de Saquarema/RJ filha do cronista e poeta Virgílio Aurélio Gomes de Villa Capivary (atual cidade de Silva Jardim) e de Maria Carolina da Cruz Gomes de Cabo Frio/RJ. Foi poetisa de estilo simbolista, pianista e professora. Teve cinco irmãos sendo eles: Aurora, Augusta, Adelaide, Manuel e Linho, ambos de Barra de São João/RJ. Foi batizada em 15 de agosto de 1878 na cidade de Araruama/RJ na Paróquia de São Sebastião, tendo como padrinhos Manuel Marinho Leão e Augusta (Manazinha).


*Na foto: Nazareth e Secundino.



         Casou em 5 de outubro de 1895 com   o lavrador Secundino Teixeira Pinto de São Paulo/SP, que residia em Laje do Muriaé/RJ, filho de Sebastião Pinto Monteiro e Maria Candida. Nazareth passa a usar o sobrenome Pinto. Seu esposo veio a falecer em 1941 em Laje do Muriaé/RJ. Nazareth da Cruz Gomes veio a falecer em 19 de novembro de 1950 na cidade do Rio de Janeiro/RJ e seu sepultamento foi realizado no Cemitério de Inhaúma. Ela teve 14 filhos. São três homens: Décio, Manoel e Sebastião. Onze mulheres: Adelaide, Clélia, Dulce, Diná, Guiomar, Irene, Izabel, Maria (Mariquinha), Maria José, Noêmia e Zélia.


*Nazareth da Cruz Pinto e Secundino Teixeira Pinto, 
família e alunos.


*Foto de Nazareth da Cruz Gomes já no século XX.



Segue abaixo os poemas de Nazareth da Cruz Gomes:



*Imagem do original referente ao poema O Coração escrito em 1894 por Nazareth da Cruz Gomes.



O CORAÇÃO


Põe minha amiga, põe teu peito
tua serena mão.
Ouves?Há dentro dele um carpinteiro
que trabalha de noite e o dia inteiro
pregando o meu caixão.


Vamos! Trabalha mestre! Sim trabalha
a obra sem cessar!
Não deixes a tarefa em abandono!
Vamos! Trabalha mestre eu tenho sono
e quero descansar!


Nazareth da Cruz Gomes
18 de janeiro de 1894

            No poema O Coração, possui duas estrofes de cinco versos (duas quintilhas), o eu lírico utiliza sinestesias na primeira estrofe como nos versos: “Põe minha amiga, põe teu peito/tua serena mão.” (sinestesia de sentido tátil) e “Ouves? Há dentro dele um carpinteiro...” (sinestesia de sentido auditivo). O eu lírico utiliza a subjetividade através de divagações entre uma conversa com a morte, onde o carpinteiro é o coração que trabalha o dia inteiro sem descansar, mesmo sabendo que um dia vai parar. No poema há uma linguagem vaga e fluída, que preza pela sugestão como no trecho do terceiro verso da primeira quintilha no vocábulo “Ouves?”. 
              O Coração além de título do poema é uma metáfora que subjetivamente compara o órgão da vida com o trabalho de um carpinteiro. O descanso é símbolo transcendental representado pela palavra “sono”, que determina a dor de existir.
             O ritmo do poema é traçado entre assonâncias, aliterações e rimas que afloram no segundo verso de cada quintilha. Assonância relacionada à vogal “a” nos vocábulos da segunda quintilha no primeiro e segundo versos: “trabalha a obra sem cessar!” Aliteração no primeiro verso da primeira quintilha das consoantes “p” e “t”: “Põe minha amiga, põe teu peito...”
           A rima é feita na seguinte forma: o segundo verso rima com o quinto e o terceiro verso com o quarto. Como segue:



1ª estrofe da quintilha:

Põe minha amiga, põe teu peito

tua serena mão. (segundo verso)
Ouves?Há dentro dele um carpinteiro (terceiro verso)
que trabalha de noite e o dia inteiro (quarto verso)
pregando o meu caixão. (quinto verso)


2ª estrofe da quintilha:

Vamos! Trabalha mestre! Sim trabalha

a obra sem cessar! (segundo verso)
Não deixes a tarefa em abandono! (terceiro verso)
Vamos! Trabalha mestre eu tenho sono (quarto verso)
e quero descansar! (quinto verso)



*Ensaio feito pelo acadêmico Rodrigo Octavio Pereira de Andrade (Rodrigo Poeta)