O PUXA-SAQUISMO DESVAIRADO*
PUXAR SACO do Presidente da República é coisa que chaleira nenhum jamais conseguiu ou conseguirá ultrapassar. O verdadeiro puxa-saco é vidrado em presidente da República, seja ele um verdadeiro homem de Estado, seja ele um cocoroca total. Esta condição intransponível dos puxas é que levou o falecido Getúlio Vargas à Academia Brasileira de Letras, numa época em que o ilustre homem público ainda não tomava simancol em doses suficientes para escapar ao ridículo de uma imortalidade literária das mais rebarbativas.
No setor administrativo, então, Deus me livre! Não há um prefeito cretino de cidade do interior que não sonhe com uma praça para inaugurar com o nome do Presidente da República. A Pretapress, inclusive, já contou até a história daquele prefeito bronqueado com essas besteiras de estar mudando a toda hora o nome da praça principal da cidade, com as constantes oscilações democráticas, ora inaugurando placa nova com o nome de Praça Presidente Café Filho, para logo mudar para Praça Presidente Kubitschek, depois Praça Presidente Jânio Quadros, e em seguida Praça Presidente João Goulart, outra vez para Praça Presidente Castelo Branco. O homem, provando ser um bom administrador municipal, acabou com essa fofoca, inaugurando a placa definitiva com o nome da praça: "Praça Presidente Atual".
Mas por que foi que eu falei isto tudo? Ah sim. . . no Ceará. Conforme vocês sabem, ninguém puxa mais saco da "redentora" do que os Estados de Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Sul. Pois imaginem só que no time do Ceará Sporting Clube, time que vem sendo um dos melhores do norte-nordeste, na disputa da Taça Brasil, tem um beque esquerdo chamado Eraldo, que é parente do Marechal-Presidente.
Ah, rapaziada... pra quê! O rapaz tem recebido as mais variadas demonstrações de puxa-saquismo do momento, a ponto de ser recebido no aeroporto do Recife, quando o time do Ceará Sporting Clube foi jogar contra o Náutico, de Pernambuco, por autoridades do IV Exército. Diz que o Eraldo não é militar, mas apenas capitão do time do Ceará, condição a que chegou mais por sua técnica futebolística do que por chaleirismo e, se é verdade o que nos manda dizer o correspondente, os jornais do Ceará não fazem por menos quando anunciam a formação do quarteto de beques do time campeão, formado por Pipiu, Bacabau, Caiçara e o dito Eraldo. Volta e meia as folhas esportivas metem lá: "Pipiu, Bacabau, Caiçara e o Capitão Eraldo de Alencar Castelo Branco".
*Stanislaw Ponte Preta ( Sérgio Porto)
- Escritor natural do Rio de Janeiro/RJ.
Nasceu em 11/01/1923
e morreu em 29/09/1968.
*Crônica do livro "FEBEAPÁ 1"
(Primeiro festival de besteira que assola o país).
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