ARTE E ARMAÇÃO
Lembro-me de minha infância quando ao riscar a parde da sala da minha casa, subindo na árvore( uma mangueira que tinha um balanço), jogando pedra nas mangas e correndo pelo enorme quintal, a voz da minha saudosa mãe a gritar: - Zé Luiz não faz arte!
Ao me lembrar desta frase, fiquei pensando sobre o que é arte realmente autêntica e o que é armação no mundo das artes.
Uma criança quando faz um risco ou rabiscos não busca material e nem técnica, usa o que tiver ao seu alcance no espaço que possa encontrar, com a inspiração da inocência e completamente despreocupada com críticas ou prêmios. Naquele momento apenas quer mostrar a sua arte para os seus pais e é natural que se ganhe um cafuné da mãe, isso que é uma prêmio.
Quando o menino arteiro chega à maturidade a sua visão do mundo vai se transformando e a mutação é quase inevitável, em um mundo de concorrência e cheio de ambições na busca por espaço. Começa a exposição e todos querem aparecer na vitrine como se fossem mercadorias, mas o mundo contemporâneo é uma grande peneira, onde as tramas não passam todos (como os jovens jogadores de futebol) e muitos se deprimem por não terem alcançado o sucesso desejado. Não havendo alternativa de alçar, então não só com o talento começa-se a corrida ilusória pela compra de espaço e prêmios e no mundo mercadológico sempre encontramos o que desejamos. São preço bem variados como numa feira livre, se acham frutas e legumes de todos os gostos e preços, então o artista desiludido se transforma em um condecorado e tem seu nome em certificado pendurado na parde.
A grande ARMAÇÃO não está em conceder títulos e honrarias e sim no critério que é usado por casa instituição acadêmica, onde muitos artistas que vivem apenas da arte para sobreviver não são prestigiados, porque se encontram sem condições financeiras para arcar com tal honraria e em contrapartida quem tem influência política não paga um tostão pelas honrarias (usa-se o critério do tráfico de influência) trocando-se títulos por cargos e espaço na mídia.
O menino arteiro que cada um ainda tem dentro de si deve ser despertado algumas vezes, ser feita a verdadeira arte sem intenções e preleções, simplesmente pelo prazer primitivo de se comunicar que é a missão do verdadeiro artista. evitando assim de se tornar o Zé das Medalhas como na novela Roque Santeiro de Dias Gomes, um personagem que morreu sufocado com suas próprias medalhas.
JOSÉ LUIZ (ZEL HUMOR)
- É CHARGISTA , CARICATURISTA E ACADÊMICO
DA ACADEMIA CABISTA DE LETRAS, ARTES E CIÊNCIAS
DE ARRAIAL DO CABO/RJ.
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