domingo, dezembro 05, 2010

CARTA ABERTA A CULTURA DA MADRASTA TERRA



Venho por meio desta carta, expressar toda minha insatisfação a maneira como é gerida a cultura e cessão dos espaços  para a prática das práticas culturais aqui em Cabo Frio/RJ. Não espero muita coisa com essa exposição, além de liberar toda uma raiva contida e talvez tenha a pretensão de fomentar uma reação mais objetiva ao que está rolando na cidade.
Para contextualizar, eu sou Fábio Emecê, Mc do grupo de Rap Cabo-friense Bandeira Negra, além de escritor, poeta e professor de Língua Portuguesa. No dia 04 de dezembro fomos escalados para tocar no corredor cultural do Charitas, junto Taz Mureb e Amerê, Psilosamples(MG)  e Marcos Geres e Cleber Dantas(SP).
Chegamos no evento as 19 horas, horário marcado, e recebemos a notícia de que não se iria rolar as atividades, pois a polícia tinha embargado. Muito estranho. 20 horas o evento começa com os artistas fora da cidade se apresentando. Detalhe: Som baixo.
Chega um representante do evento e nos diz a seguinte versão: O atual Coordenador/Secretário de Eventos da cidade, por não ter autorizado a atividade no Charitas, usa de sua pretensa autoridade e contato com a polícia militar e proibi a realização com a condição de liberar caso liguem para ele e peçam caridosamente. O atual Secretário de Cultura realiza esse esforço herculeo e a atividade é autorizada. Com uma condição: Som baixo para não incomodar os “vizinhos”.
Pois bem, para começar uma questão, se houve esse problema, por que anunciar no site oficial da Prefeitura, e a independência da casa de cultura da cidade? Onde fica?
Continuando: os sons rolando e uma cobertura de filmagem. Quando o Bandeira Negra vai tocar, a filmagem e desmontada, a Taz Mureb se retira do evento e no meio da nossa apresentação, somos interrompidos, pois o horário foi extrapolado.
Segunda questão: Fins de semana o som pode ficar alto até as 2 da manhã. Terceira questão: é a quarta vez que isso acontece na cidade, pelos arredores do centro com relação a uma apresentação de Rap/ ligado a cultura Hip Hop. Fora esse cerceamento de horário, já que frequentando outros eventos e essa restrição não rola de fato.
Fica aqui todo o repúdio a maneira como está sendo conduzida a cidade: a cidade anti-cultura, anti-educação e anti-trabalho. Se não houver uma reação objetiva com relação aos desmandos da cidade, ficaremos sem ter um lugar digno para convivência.
Como artista local e independente, me recuso categoricamente a baixar a cabeça para os coronéis do novo século cabo-friense, para tentar fazer algo descente e de qualidade. Até porque se for baixar a cabeça, a qualidade não será um dos quesitos que será apreciado.
Prestem atenção amigos e amigas, ser cabo-friense e ser pensante e morando em Cabo Frio não é uma boa opção hoje em dia. É para continuar assim? Não haverá reação?
Jamais me calarei diante as arbitrariedades que acontecem na cidade e se quiserem cercear os espaços de atuação, continuem. Essa boca, esse coração e essa alma jamais irão calar.
É isso!

















*Fábio Emecê – Mc do grupo de rap Bandeira Negra, Coletivo H2A, Escritor, Poeta, Professor de Língua Portuguesa e indignado com o cenário local.


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