*Esta era a Guardiã de Campo Grande/MS.
*PROJETO QUERO MAIS ÁRVORES NA MINHA CIDADE TEM O APOIO DO ESCRITOR E BIÓLOGO PAULO ROBSON DE SOUZA DE CAMPO GRANDE/MS.
-Veja o que fizeram com a árvore na imagem seguinte:
*Mataram a Guardiã em Campo Grande/MS.
-Segue o texto do biólogo Paulo Robson de Souza na íntegra:
A GUARDIÃ
Dez metros de altura? Creio que media bem mais. O que importa é que sua imponente copa enchia os olhos de quem adentrasse o Residencial do Lago pela Rio Preto, em Campo Grande/MS. Nos meses sem chuva neste Cerrado de meu Deus ficava todinha dourada, charmosa, gostosa de mirar, até se despir parcialmente, para guardar em si a pouca água disponível. Na chuva, se mostrava verdinha em folha, tomada de cachos de flores de suave odor que logo depois davam drupas ovoides, adocicadas...Frutos de um marrom quase bege como que se despencando dos galhos para ofertar a bichos e pessoas sua amêndoa, tão gostosa e nutritiva quanto o amendoim. A sombra? Ah, a sombra!
Quantas almas se refestelaram no seu frescor...
Por quase 12 anos mantive o gostoso ritual de apreciá-la diariamente.
Não conseguia abraçar inteiramente o seu tronco, de tão antiga. A considerar o crescimento, na espessura do tronco, de um a dois centímetros ao ano, devia ter de 80 à 120 anos. Que sejam seis, quatro décadas vividas! Inda assim, teria quase o dobro da idade da maioria dos que estão lendo este lamento. Duas gerações, meu Deus!
Há duas semanas fotografei sua flor especialmente para fan page "Biologia Todo Dia". De tão pequena, cabe na unha do dedo mindinho. Foi por causa desta "exuberância quase ausente" que sugeri à pagina que a publicasse como a "a flor do mês", já que tenho por princípio que todo fotógrafo de natureza precisa revelar maravilhas que nem todos conseguem enxergar.
No dia 30 de dezembro de 2012, voltando do Pantanal, fiquei perplexo diante da cena aqui retratada. Dizem que dois ou três dias antes um construtor (construtor?) teve a infeliz ideia de cortar a nossa árvore, um cumbaru - sim, nosso cumbaru: meu, seu, dos seus filhos e dos que virão, pois estava em área pública, na lateral da rua, onde um dia será uma calçada. Por ser de TODOS e de NINGUÉM, somente a prefeitura de Campo Grande, depois de análises técnicas sérias e que considerassem aspectos como segurança pública, valor paisagístico, histórico, características da árvores, etc., poderia autorizar ou não seu corte ou poda.
Não sei se tenho mais pena do nosso cumbaru centenário - que foi morto sem qualquer necessidade ou motivo que justificasse o corte ou da infeliz pessoa que sequer tem ideia da asneira que fez (com todo respeito aos asnos, muares et cetera et al). E não adianta a prefeitura aplicar ao suposto empreendedor uma multa de não sei quantas uferms ou qualquer outra unidade de referência que se aplica ao caso, nem lhe obrigar a plantar 10 ou 100 mudas de cumbaru, pois nada disso reparará os danos físico, cenográfico, biológico e sentimental que herdamos dessa atitude estúpida. E não será o ato punitivo que possibilitará a existência de um futuro melhor, ainda que não nos pertença. Melhor seria reeducar esse tipo de gente.
(Paulo Robson de Souza)
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Um comentário:
A quem incomodava a frondosa árvore?
Por que o tal "construtor" não se utilizou dos recursos do nobre e verde tronco - de impossível reprodução - para a valorização de um projeto seu?
Medíocres aqueles que veem apenas um palmo à sua frente, como se dotados de viseiras, como cavalos condicionados.
Perdeu o município, perderam os munícipes e perdeu, enfim, o construtor.
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