CARNAVAL
Assistia da janela do quarto a alegria lá fora, ao conseguir manter-me de pé sem desmaiar, devido ao mal estar que surgira com a febre logo naqueles dias de festa.
Este ano a menina vestira-se de colombina, e foi para as ruas, de cara limpa. Os cabelos castanhos que nem chegavam a tocar-lhes os ombros alvos, recebiam chuvas de confete e serpentina, seus dedinhos nas sandálias eram castigados pela multidão dançante, contudo, ela permanecia atenta aos pierrôs e arlequins de olhos puxados ou vestidos de santos. Eu, em casa, continuava com os lábios em brasa, sedentos, rachados, esperando apenas por um beijo seu.
Com a dor percorrendo meu corpo no ritmo de blocos e cordões, imaginei os inúmeros fantasiados embriagados pela cidade. Neste enredo, eu fui o palhaço ao invés do mestre sala, que protege os passos da porta bandeira, cuja flâmula bordada em vermelho representava o meu sentimento. Mas a máscara que cobria o rosto dela desabou antes de fevereiro e revelou um sorriso bobo, infantil, escondendo o mesmo fel que adentrara meu corpo pelo contato de nossas bocas, há algumas semanas atrás.
Animam-se em rodas de samba, ao lado de mulatas e piratas quem quer prosseguir no requebrado noite à dentro, enquanto permaneço, sem a banda que ela me tirou ao legar-me a desilusão, e o coração inflamado, ouvindo de longe as tradicionais marchinhas falando sobre amor.
*Camila de Araujo - escritora carioca e blogueira.
*Link do seu blog: www.teoria-do-playmobil.blogspot.com
8 comentários:
Lindo poema,camis escreve incrivelmente bemm!!
Muito bonito. Curiosamente, como o personagem do enredo, eu também passei vários carnavais com febre. olhando tudo à distância...
é uma crônica!
Obrigada xD
essa é das boas
logo fará um livro!
Amores de carnaval, férias, praia...
Podem ser arrebatadores...
Pobres os corações q se partem por essas paixões.
A crônica é perfeita. Redonda.
Me fez visualizar a cena e perceber o carinho com q foi escrita.
parabéns!
beijos
Texto muito bem escrito!
Gostei *---*
Parabéns pra menina que escreveL.
Foi por isso q gostei, é uma crônica, não sou muito chegada a poesias.
Gostei.
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