domingo, fevereiro 13, 2011

ENTREVISTA FEITA COM CUNHAMBEBE POR ZEL HUMOR




*Vejamos na íntegra a reprodução da entrevista feita por Zel Humor para o blog ZEL TOTAL com nosso colunista Cunhambebe:




1 - Nome completo?


R.: Cunhambebe e só! Você pensou que eu tinha um Silva como sobrenome né!

2 - Idade e local de nascimento?

R.: Nasci há 600 luas atrás. E olha que você não é o primeiro a me retratar. O primeiro foi meu grande amigo  francês André Thévet.

3 – Como você veio parar aqui em Cabo Frio?

R.: Eu sou chefe tupinambá que dominou todos os caciques Tamoios entre Cabo Frio e Bertioga no século XVI. Falam que morri de peste, mas na verdade descobri uma fonte de juventude natural na Ilha de Cabo Frio em Arraial. Então já estou com mais de 600 anos a morar aqui na região. Vivenciei muita coisa. Não sou highlander. Atualmente moro no Morro do Índio, quase perdi tudo com a última ressaca. Nasci na Guanabara. Ai que saudade de lá! Tenho muitos filhos perdidos por aí e não pago pensão, pois índio não sabe o que é isso. Hoje estou casado com uma bela portuguesa. Amo a minha Juremá!

4 – Você trabalha e qual a sua atividade?

 

R.: Eu sou chefe de várias tribos de letras e aliado de seres extraterrenos independentes. Vivo de nestes 600 anos com a riqueza natural desta região, através da pesca, do sal, do turismo e da venda dos meus versos, mas quem vende eles é a minha patroa portuguesa Juremá no seu restaurante Mania da Juremá o melhor bacalhau da Região.

 

5 – Você escreve com interesse político ou literário?

 

R.: Aprendi a escrever assim graças aos franceses, em que fui aliado na época da Confederação dos Tamoios e durante essas 600 luas com mestres do quilate de José de Anchieta, Frei Beto e o último, o Pajé Xamã Alienista Surreal. Então meus artigos são de cunho sócio-literário politicamente falando.

 

6 – Com quantos paus se faz uma canoa em tempo de crise?

 

R.: Crise isso é coisa de branco, eu não conheço isso não. Agora quem entende de pau é a patroa. Se eu apronto, eu levo é muita paulada na cabeça com seu rolo de macarrão ora pois pois.

 

7 – E a cultura, anda mal das pernas e doente do pé?

 

R.: Ui. Cultura aqui! O pessoal aqui não sabe o que é isso não. Cultura aqui é uma merda encontrada em um banheiro de rodoviária. O povo aqui não sabe o que é memória, não conhece suas raízes e não valoriza seus valores. Cultura  aqui é pó de mico nos olhos de alguns seres extraterrestres.


8 - Alguma idéia para melhor a cultura?

 

R.: O branco vai ter nascer de novo ou tomar banho de arruda com Pai Didigo de Ogum, ou casar com a doida do Sendas, que é encarnação de minha amiga Otília ou então comer sal até morrer. Minha tribo hoje não tem mais pajé e sem pajé não há mágica para mudar isso e olha que em 600 anos nenhum pajé conseguiu mudar!

 

 

9 – O que acha do pessoal do banheiro da rodoviária?

 

R.: Olha não tenho nada contra, mas prefiro o mato mesmo que é bem mais limpinho.


10 – Considerações finais?


R.: Venha saborear o bolinho de bacalhau da Jurema, escutar um hip hop do Black Amêndoa e ver o futuro nas conchinhas de carangodó  do Pai Didigo de Ogum e beijar a louca da Diana no Sendas, mas se quiser pode me encontrar na praia ou num cyber da vida por aí!
Deixo uma frase de um grande homem português das letras: “Se tens um coração de ferro, bom proveito.  O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia” José Saramago
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